segunda-feira, 15 de março de 2010

INTRODUÇÃO

DEPOIS DO OSTRACISMO EM DESTERRO
Introdução
Esses escritos – após anos de insistência em NUNCA utilizar a mágica ferramenta da internet pra divulgar meus escritos – tem uma direção e uma missão. A direção é registrar a volta pra São Paulo de um paulistano um tanto problemático (que sempre teve uma vida complicada e, mais ainda, passou por momentos difíceis entre 1998 e 2004, passagens que conferem um valoroso troféu moral a um homem raro) e apaixonado pela natureza. A missão é exorcizar os fantasmas que ainda assombram essa cabeça. Afinal, cabeças corajosas que buscam viver – e aprender – não raro se defrontam com espectros de todo tipo que, sem a devida atenção, podem criar ferimentos na alma.

E alma, quando ferida, dói demais. Eu sei bem disso. Minha alma é coberta de cicatrizes. Porém forte por ter sobrevivido. Se eu contar, ninguém acredita. Portanto, vou unir a útil vocação de escritor e contador de histórias com a agradável fortuna de tantas coisas ter vivido, experimentado, sobrevivido e passado. O que é exagero ou licença poética vou misturar propositalmente com o que foi realidade. Se alguém ler isso aqui, fica livre pra tirar suas conclusões. Nesse sentido, as perguntas são bem vindas. Sou todo ouvidos.

Mas o direcionamento desses escritos não é estático; é dinâmico. Aqui também tem o retrato da luta renhida do homem solitário e tímido contra os muros invisíveis da timidez; as frustrações do professor de história de ensino médio, acumuladas ao longo de doze anos de (terá sido assim tão ruim? depende do ângulo analisado...) frustrante trabalho; a volta pra maior cidade da América do Sul após ter morado doze anos em Santa Catarina, sendo a maior parte desses anos defronte ao límpido Oceano, e os últimos três – pra ser mais exato – na trilha da Costa da Lagoa no meio do mato; as dificuldades de estudar na USP morando na COHAB Teotônio Vilela na periferia da zona leste; o choque de um homem de 37 anos inconformado com o nível de imbecilização alcançado pela juventude de hoje que ficou retardada de tanto ver porcaria na TV e na internet sem exercitar devidamente o cérebro; as dificuldades econômicas, as dificuldades sentimentais (a busca que não tem fim por diversão e sexo enquanto não encontro A MULHER); a luta pra manter a guarda de Blue e Frida de forma a zelar pelo bem estar desses dois cães, resistindo obstinadamente – loucura saudável de encarar e negar o modelo do fazer o mais fácil pra fazer o que ordena a consciência, mesmo que seja tão difícil – contra o que dizem as pessoas que se julgam melhores.

Essa literatura, do formato que tiver, será postada da seguinte forma: contos que retratam o período anterior a 1998 sairão com o título "antes do desterro" e o subtítulo que especifica mais o conto; o período entre fevereiro de 1998 a janeiro de 2010 será "durante o desterro" e seu referente subtítulo; e o momento histórico de janeiro de 2010 em diante é o "depois do desterro", com seu subtítulo. E como o próprio título geral do blog aponta, a situação presente, despois do desterro, é mais focada. O antes e durante o desterro virão como explosões nostálgicas e/ou explicações, sob a luz do passado, do momento presente.

Enfim, tudo sobre o que eu quiser escrever escreverei aqui, como um diário. Como um baú de reflexões do mundo ao meu redor, mas tendo o tal direcionamento acima citado, que atualmente é o eixo central da minha vida e que dá nome ao blog. Dessa forma, os escritos aqui registrados podem mostrar os choques de quem viveu anos no mato e agora está da maior cidade da América do Sul, e também um mosaico dos vários prismas desse diamante bruto que sou. Por exemplo, o eu doador que se sacrifica pelas pessoas e que convive com o eu egoísta apaixonado pela vida e sempre disposto a gozar o que a vida tem de bom. Por exemplo, o eu carnívoro que acha uma sacanagem fodida a forma como os parentes mamíferos são assassinados em escala industrial pra matar nossa vontade de comer churrasco, e que (por enquanto, ao menos) adora churrasco. O eu que ainda é socialista apesar de ser costumeiramente taxado de vendido pela ala mais radical da esquerda e de radical pela direita (essa ala desconsidero ao mesmo tempo em que tenho como alvo dos meus embates, os meus antagonistas de verdade, honra que não merecem, mas fazer o que?, se considero esses imbecis fascistóides co-responsáveis por boa parte do que não presta no mundo) que sempre SEMPRE (não sou um monumento à justiça e nem quero ser) é execrável.

Comentários são bem vindos, mas prefiro trocas de idéias, porque como a grande pretensão desse blog é fazer literatura de algum tipo, não me interessam as interpretações de quem quiser ler esse troço. Pensem o que quiserem.

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